Nosso Patrono, Joaquim da Silva Gomes.
· Nasceu em Goiás
· Estudou na Bahia
· Formou-se em Medicina
· Participou da Guerra contra o Paraguai, prestando assistência aos feridos, ainda como estudante de Medicina
· Foi oficial médico do Corpo de Saúde do Exército, sendo promovido ao posto de major
· Foi professor do Colégio Militar do Rio de Janeiro
· Deu aulas de Latim, de Geografia e de Português
· Idealizador e empreendedor do Hospital de Nossa Senhora das Dores (bairro de Cascadura), para o combate à tuberculose
· Foi diretor de Instrução (hoje secretaria de Educação) por duas vezes
· Criador da Escola Moderna Azevedo Júnior
· Foi professor de Geografia, da Escola Premonitória Quinze de Novembro.
· Recebeu inúmeros elogios dos comandantes do CMRJ, pelo devotamento e dedicação consagrados à causa da educação
· Aposentou-se como professor do Colégio Militar do Rio de Janeiro, em 9 de abril de 1927.
· Faleceu no dia 22 de janeiro de 1930.
Dr. Joaquim da Silva Gomes, o Patrono da nossa escola.
“Eu conheci o velho Silva Gomes. Tinha uns cinco anos a mais do que meu pai, de quem era amigo fraternal. Talvez uns oito.
Era um belo homem: estampa de fidalgo. Alto, extremamente simpático. Míope, usava óculos de lentes pequeninas, azuladas. Diziam que em moço ostentava uma vasta cabeleira. Já o conheci calvo, belamente calvo.
Era um desses sujeitos incríveis, que se introduzem nos romances, para levar avante enredos impossíveis. Um exemplo autêntico e palpável dos deuses Penates a que os latinos atribuem a proteção do lar e da tribo.
Estivesse doente, começava a arribar quando ouvia dizer:
- Está aí o Silva Gomes.
Não. Ele não era de muitos exames, nem de muitos remédios. Olhava o enfermo por cima dos óculos, descia a detalhes indispensáveis, e intimava, por exemplo:
- Amanhã, quero vê-lo de pé, quando por aqui voltar.
Era de Goiás, mas educara-se na Bahia, onde se formou. Gloriava-se de haver sido discípulo do Doutor Ernesto Carneiro Ribeiro, como Castro Alves e o Rui. Descrevia a suavidade do mestre, alto, moreno, de longas barbas brancas.
Grande latinista – e como tal professor de Latim no Colégio Militar do Rio de Janeiro -, ao educador baiano o gosto que tinha a Cícero e a Virgílio. Dizia que muitas vezes se descobria repetindo as sábias lições que recebera em criança.
Médico em Cascadura ia a pé ou a cavalo à casa dos clientes. Clínico, era também habilíssimo operador. Era capaz de fazer gastos para operar os casos interessantes entre os pobres.
Nunca mandou conta a ninguém. Porém alguns lhe pagavam, reconhecidos. Um inglês, dono de uma indústria de tecidos – tendo sido salvo com vários operários de uma letal febre amarela -, cansado de lhe solicitar a conta dos serviços foi visitá-lo na sua mansão, e lhe ofereceu uma carteira de couro da Rússia, com artísticas gravaduras em ouro. Sua senhora, a primeira, D. Mazinha, ao examinar a bela peça, descobriu dentro dela algumas dezenas de bons contos de réis.
Uma vez os seus amigos se cotizaram para lhe darem um Ford. Ele, porém, após uma experiência de meses, viu que não podia dar-se ao luxo de sustentar um carro e mais um chofer. Vendeu-o e ofereceu o dinheiro a uma instituição de caridade.
Quando o Silva Gomes empreendeu a construção do Hospital de Nossa Senhora das Dores, para o combate clínico à tuberculose, destinado a mulheres que não podiam despesar-se em busca de climas salutíferos, entregou à Santa Casa uma das instituições mais avançadas do mundo. Mas a população de Cascadura quase se revoltou, com medo de apanhar a peste. Ele teve um trabalho individual de convencer amigos e conhecidos de que não havia no caso o menor perigo. Enchia os bolsos de jabuticaba do pomar do Hospital, e se metia pela boca das crianças e das pessoas que o cercavam. Descrevia os esgotos que idealizara e convidava toda a gente para visitar a igrejinha lá dentro, com vitrais artísticos.
Foi diretor da Instrução (hoje Secretaria de Educação e Cultura) duas vezes. A última vez, lembro-me bem, no governo do Serzedelo Correia. Erigiu várias escolas e o Pedagogiu, destinado ao aperfeiçoamento dos mestres. Aí meu pai foi professor de Sintaxe Comparada.
Uma das mais modernas escolas que fez, chamou-a “Escola Moderna Azevedo Júnior”. Antes da inauguração, lá esteve de visita o Prefeito, e entusiasmado decretou que a escola se chamasse Silva Gomes. Houve uma crise administrativa, que só se venceu com a volta do nome do ilustre educador mineiro.
Aconteceu então o inesperado. O povo mudou o nome do logradouro, de Rua Comendador Teles para Rua Dr. Silva Gomes. A Prefeitura quis ignorar a alteração, mas o nome lá está até hoje nas placas que se pregaram nas esquinas.
Foi também professor na então Escola Premonitória Quinze de Novembro, ao tempo de Franco Vaz. Aí se ensinava Geografia.
Em segundas núpcias, o Dr. Joaquim da Silva Gomes teve seis filhos, um dos quais é o Brigadeiro Antonio Joaquim da Silva Gomes, que perpetua o nome do avô.
Cândido Jucá (filho)
Escritor, professor e filólogo
Texto enviado ao professor Sinvaldo, pelo coronel Milton Guedes Ferreira Mosqueira Gomes, diretor do Colégio Militar do Rio de Janeiro.
“Eu conheci o velho Silva Gomes. Tinha uns cinco anos a mais do que meu pai, de quem era amigo fraternal. Talvez uns oito.
Era um belo homem: estampa de fidalgo. Alto, extremamente simpático. Míope, usava óculos de lentes pequeninas, azuladas. Diziam que em moço ostentava uma vasta cabeleira. Já o conheci calvo, belamente calvo.
Era um desses sujeitos incríveis, que se introduzem nos romances, para levar avante enredos impossíveis. Um exemplo autêntico e palpável dos deuses Penates a que os latinos atribuem a proteção do lar e da tribo.
Estivesse doente, começava a arribar quando ouvia dizer:
- Está aí o Silva Gomes.
Não. Ele não era de muitos exames, nem de muitos remédios. Olhava o enfermo por cima dos óculos, descia a detalhes indispensáveis, e intimava, por exemplo:
- Amanhã, quero vê-lo de pé, quando por aqui voltar.
Era de Goiás, mas educara-se na Bahia, onde se formou. Gloriava-se de haver sido discípulo do Doutor Ernesto Carneiro Ribeiro, como Castro Alves e o Rui. Descrevia a suavidade do mestre, alto, moreno, de longas barbas brancas.
Grande latinista – e como tal professor de Latim no Colégio Militar do Rio de Janeiro -, ao educador baiano o gosto que tinha a Cícero e a Virgílio. Dizia que muitas vezes se descobria repetindo as sábias lições que recebera em criança.
Médico em Cascadura ia a pé ou a cavalo à casa dos clientes. Clínico, era também habilíssimo operador. Era capaz de fazer gastos para operar os casos interessantes entre os pobres.
Nunca mandou conta a ninguém. Porém alguns lhe pagavam, reconhecidos. Um inglês, dono de uma indústria de tecidos – tendo sido salvo com vários operários de uma letal febre amarela -, cansado de lhe solicitar a conta dos serviços foi visitá-lo na sua mansão, e lhe ofereceu uma carteira de couro da Rússia, com artísticas gravaduras em ouro. Sua senhora, a primeira, D. Mazinha, ao examinar a bela peça, descobriu dentro dela algumas dezenas de bons contos de réis.
Uma vez os seus amigos se cotizaram para lhe darem um Ford. Ele, porém, após uma experiência de meses, viu que não podia dar-se ao luxo de sustentar um carro e mais um chofer. Vendeu-o e ofereceu o dinheiro a uma instituição de caridade.
Quando o Silva Gomes empreendeu a construção do Hospital de Nossa Senhora das Dores, para o combate clínico à tuberculose, destinado a mulheres que não podiam despesar-se em busca de climas salutíferos, entregou à Santa Casa uma das instituições mais avançadas do mundo. Mas a população de Cascadura quase se revoltou, com medo de apanhar a peste. Ele teve um trabalho individual de convencer amigos e conhecidos de que não havia no caso o menor perigo. Enchia os bolsos de jabuticaba do pomar do Hospital, e se metia pela boca das crianças e das pessoas que o cercavam. Descrevia os esgotos que idealizara e convidava toda a gente para visitar a igrejinha lá dentro, com vitrais artísticos.
Foi diretor da Instrução (hoje Secretaria de Educação e Cultura) duas vezes. A última vez, lembro-me bem, no governo do Serzedelo Correia. Erigiu várias escolas e o Pedagogiu, destinado ao aperfeiçoamento dos mestres. Aí meu pai foi professor de Sintaxe Comparada.
Uma das mais modernas escolas que fez, chamou-a “Escola Moderna Azevedo Júnior”. Antes da inauguração, lá esteve de visita o Prefeito, e entusiasmado decretou que a escola se chamasse Silva Gomes. Houve uma crise administrativa, que só se venceu com a volta do nome do ilustre educador mineiro.
Aconteceu então o inesperado. O povo mudou o nome do logradouro, de Rua Comendador Teles para Rua Dr. Silva Gomes. A Prefeitura quis ignorar a alteração, mas o nome lá está até hoje nas placas que se pregaram nas esquinas.
Foi também professor na então Escola Premonitória Quinze de Novembro, ao tempo de Franco Vaz. Aí se ensinava Geografia.
Em segundas núpcias, o Dr. Joaquim da Silva Gomes teve seis filhos, um dos quais é o Brigadeiro Antonio Joaquim da Silva Gomes, que perpetua o nome do avô.
Cândido Jucá (filho)
Escritor, professor e filólogo
Texto enviado ao professor Sinvaldo, pelo coronel Milton Guedes Ferreira Mosqueira Gomes, diretor do Colégio Militar do Rio de Janeiro.
E.E.E.S. Joaquim da Silva Gomes
Av. Padre Guilherme Decaminada, s/nº - Santa Cruz – RJ
Direção: Valdilene Lorenço
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